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Postado Por : Vendedor de Sucesso

No final do século dezenove, no período de 1877/1879, a cidade de Icó foi assolada por uma seca que teve repercussões profundas na economia da cidade. A preocupação da Câmara com a população flagelada resolve fazer um pedido de socorro ao presidente da Província que indicava obras para empregar a população vitimada pela seca. Foram as seguintes propostas: a construção da Matriz Nova em começo, a Capela do Cemitério publico, uma enfermaria da muralha da cadeia desta cidade, estabelecimento para funcionarem as aulas publicas e a conclusão da casa de mercado público. E as sessões seguintes foram marcadas pela tentativa da Câmara de demonstrar a situação em que se encontrava o Icó. O quadro era desesperador. Em oficio dirigido ao Presidente da Província, a Câmara Municipal, em 29 de janeiro de 1878, fica explicitado o desmantelamento da cidade em conseqüência da seca.
No oficio encaminhado pela Câmara ao Presidente da Província dizia o seguinte:
É aflitiva de todo a situação dos habitantes do Icó. De um lado vê-se a fome inexorável ceifando números de vidas entre as classes desvalidas, de outro a terrível epidemia denominada: Beribéri, que não distingue o rico do pobre vitimando a torto e a direito.
No inicio do século vinte, um outro fator veio ainda mais aprofundar a crise que atingiria a economia da cidade. O traçado da estrada de ferro que iria passar pela cidade do Icó, mais não passou, passou a poucos quilômetros do Icó. E isso implicou na perda do Icó como centro distribuidor dos produtos vindos do litoral para vasta região dos Inhamuns, Cariri e províncias vizinhas, bem como de centro coletor dos produtos que deveriam ser exportado para o litoral.
A ferrovia chegou ao sul do Ceará, na região próximo de Icó, nas primeiras décadas do século vinte. A inauguração da estação de Iguatu foi feita em 1910; a de Lavras da Mangabeira, a distancia de 76 Km de Icó foi inaugurada em 1917, e, em 1926, eram inauguradas as estações de Crato e Juazeiro.
A marginalização de Icó com relação à rede ferroviária em implantação pôs em segundo plano o mais importante complexo sócio-econômico constituído durante o período colonial do Ceará, possibilitando o surgimento de um novo plano econômico que teve como centro aglutinador a cidade de Fortaleza.
Assim ao longo do século vinte Icó atravessou crises no plano sócio-econômico, intercaladas por período de desenvolvimento, dos quais ressalta-se o ocorrido no inicio do século quando alguns comerciantes de peso se instalaram no Icó com o sistema algodoeiro. Como conseqüência, surgiu também um pequeno núcleo industrial para beneficiamento de algodão.
Esta nova elite, seguidora das modernas tendências européias, passa a influenciar a arquitetura da cidade. Começam a surgir os chalés e as construções e remodelações de gosto eclético. As inovações urbanísticas também são grandes, notadamente no que concerne ao uso do lote urbano e a implantação da edificação. O Solar dos Anteros, hoje Colégio Senhor Do Bonfim, situado a Rua Francisco Maciel é um dos melhores exemplos das transformações desse período.
Nas proximidades do mercado novo, as quadras tomaram feição nitidamente comercial, com construções voltadas para todas as suas faces, rompendo definitivamente com o desenho urbano tradicional. A cidade cresceu em direção a atual Avenida Josefa Campos, onde havia se implantado as pequenas indústrias de beneficiamento. No entanto, o surgimento de uma forte epidemia de cólera na primeira década do século dizimou grande parte da população e provocou a saída de várias famílias tradicionais da cidade, fechando esse breve ciclo de retomada de desenvolvimento
Nos anos vinte, já como parte de uma política de ajuda ao município, destacam-se a atuação da Inspetoria Geral de Obras contra as Secas (atual DNOCS) e a construção do Açude Lima Campos num dos distritos de Icó. Nas décadas de vinte e trinta, com a difusão do automóvel, abrem-se estradas de rodagem, mas isso não chegou a reintegrar Icó na rota de circulação de mercadorias, pois a cidade já havia perdido essa posição para Iguatu e Crato por ocasião da implantação do sistema ferroviário. Contudo, sua posição geográfica estratégica, de ponto de passagem obrigatório e de ligação entre o sul e o norte do estado, acaba por integrá-la ao circuito rodoviário com a construção da Ponte Piquet Carneiro, sobre o Rio Salgado, nos limites da zona urbana. As alterações no sistema viário da cidade provocadas por essa construção foram significativas e responsáveis pelo isolamento e desintegração da malha viária antiga.
A partir dos anos 60 aos anos 70, as principais intervenções realizadas em Icó decorreram da implantação do perímetro irrigado Icó - Lima Campos, da pavimentação de ruas e da construção da estação rodoviária. Objetivando o bem estar econômico e social das comunidades rurais, o perímetro irrigado do DNOCS acabou por beneficiar apenas alguns grandes proprietários agrícolas e provocar um aumento significativo da população de baixa renda, com afluxo de famílias em busca de melhores condições de vida, que foram se instalando precariamente na periferia da cidade. Ao desapropriar grandes quantidades de terra em torno da cidade, o DNOCS funcionou como inibidor do seu crescimento, impedindo uma natural expansão rumo a BR e a outra margem do Rio Salgado.
A construção das rodovias BR 116 e CE 84, e a conseqüente construção da rodoviária, completaram o quadro de transformações urbanas que provocaram o surgimento de um novo núcleo comercial nas proximidades da Igreja do Monte. Com a crescente desativação das atividades do DNOCS, o perímetro irrigado vem sendo paulatinamente desativado, tendo já ocorrido a devolução de terras a Prefeitura. Nestas áreas a leste do Rio Salgado, entre a mancha urbana consolidada e a BR 116, erguem-se os loteamentos que configuram o mais novo vetor de expansão da cidade
A concentração do poder na capital do estado e a perda de importância de Icó como entreposto comercial e pólo agrícola enfraqueceram-na política e economicamente. Contudo este fato foi também responsável pela preservação de grande parte do patrimônio arquitetônico e urbanístico da cidade. As localizações da rodoviária e da nova área de expansão urbana pouparam o núcleo histórico de maiores alterações. Ao lado disso, as terras do perímetro irrigado localizadas a oeste do Rio Salgado impediram a expansão da cidade nesta direção e ajudaram a preservar uma das características urbanísticas mais fortes das antigas cidades cearense.



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